A IMPORTANCIA DA INTERCESSÃO DOS SANTOS

26/08/2013 12:18

É comum ouvir entre as pessoas desinformadas ou com pensamento puramente racional, a seguinte interrogação: se podemos ir direto a Deus, por que pedir sua graça mediante intercessão dos Santos?

                Tal interrogação, do ponto de vista Cristão, se analisada a fundo, perde todo o seu significado, diante de alguns fatores que podemos analisar:

 

  1. As obras, os fatos, tudo que provém do pensamento e da vontade Divina, não necessariamente podem caber em nosso entendimento, já que os caminhos propostos por Deus diante das convenções humanas, são díspares e muitas das vezes, jamais aceitos como corretos diante dos homens. Desta forma, Davi jamais poderia vencer Golias, Abraão não poderia ser pai de Isac, Maria, mesmo virgem não poderia engravidar e o Mar vermelho naturalmente não cederia passagem ao povo hebreu.Isso tudo se analisássemos as possibilidades anteriores a esses fatos somente do ponto de Vista racional e meramente humanos.

 

  1. A intercessão pressupõe uma ação comunitária, onde alguém que chegou mais longe do que eu em sua vida de oração e de ações justas diante de Deus, já mereceu um lugar privilegiado,  e portanto tem perfeitas condições de pedir por mim a Deus, a quem serviu dignamente e goza de amizade e bem querer. Não fosse isso, Abraão não Seria atendido quando pediu a Deus compaixão pelo possível número de justos existente em Sodoma e Gomorra. Moisés não precisaria erguer os braços intercedendo pelo povo que lutava, e mesmo Jesus em sua transfiguração não encontraria  Moisés e Elias já revestidos da Graça Divinal e sendo mostrados como participantes no céu, da Graça de Deus. Bastante lembrados e inspiradores de vários homens e mulheres durante toda a história Bíblica.

 

  1. A misericórdia de Deus não é algo racional, pois diante dos inúmeros erros dos homens, tanto dos não cristãos quanto dos que praticam a fé em Cristo, nós já deveríamos está pagando por nossas faltas se julgássemos nossas falhas diante de nossas próprias medidas. Não teríamos mais esperanças para o nosso julgamento, e sumariamente seriamos condenados até mesmo por nossa própria Razão.

Mas  Deus,  inexplicavelmente , recebe a Miséria Humana e a acolhe no seu coração,   oferecendo ao pecador, a possibilidade, segundo também o querer e o arrependimento do errante,  de  transformar sua  vida de quase desgraça em vida de Graças diante do Perdão.

 

  1. Dentro dessa ótica de Misericórdia, o Amor se torna instrumento principal de condução da Graça de Deus. Diante desse Amor , o Deus que é Comunidade na Trindade Santa; que chamou um povo em comunhão Para acreditar em Sua promessas; para caminhar em seu Nome, conSigo e para SI; e que encarnou-se para fazer comunhão conosco fisicamente; que ao encarnar-se quis nascer no seio de uma comunidade Familiar; que quer que nos reconheçamos COMO IRMÃOS, quando dizemos PAI NOSSO;  que doou o seu próprio corpo como pão da vida e exclusivamente pela Comum Unidade daqueles o Amam; Que nos deu Seu Filho Amado pela permanência desta Comunidade;  Um Deus que se fez reconhecer no gesto comunitário da partilha do Pão, e que inspira a formação das diversas comunidades até os dias atuais na terra,  é um Deus que quer que os homens vivam também em comunhão verdadeira e fraterna, rezando uns pelos outros, amando-se mutuamente sem pretender favores ou recompensas. Enfim, sendo seus imitadores, sendo santos como Ele mesmo o Foi.

Este Deus não tem pretensão de tolher a atividade santificadora da vida de nenhum de           seus seguidores. Ao contrário, Ele quer que em comunidade se construa a cura, o perdão e a redenção de todos os homens , por meio dos próprios homens como condutores – mediadores de sua vontade. Assim é que Barnabé é usado como instrumento para devolver a visão a Paulo, Pedro é Compelido e autorizado a Ministrar o Batismo do Espírito Santo à família do “Pagão” Cornélio, e é assim também que A igreja reza intercedendo pelo próprio Pedro, enquanto prisioneiro.E tal qual vimos no episódio da  transfiguração, de maneira clara, a realidade da Igreja não se manifesta somente neste plano Físico, mas sobretudo, e primordialmente no plano espiritual. Ora, se a Igreja, ou seja, aqueles que na terra por meio de suas orações e ações, podiam interceder pelos seus em perigo e por todos os irmãos, porque esse benefício lhes seria tirado agora na Glória de Deus, ou ainda em contato espiritual diuturno com o plano celeste.?

Negar a possibilidade da Intercessão dos Santos entre a comunidade de Irmãos; na Igreja de Cristo, é crer num deus sem coração, sem amor, restrito a si mesmo e negador da sua graça por meio daqueles que nele creem e praticam com perseverança seus mandamentos. Não aceitar que existe a intercessão é o mesmo que afirmar que Deus não promove a Comunhão entre os homens, que não quer ver seus filhos comtemplando sua Imagem através de pessoas, seres humanos, que tornaram possíveis por seus atos à luz da máxima paulina: “Já não sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim.”

Assim, muitos dos mesmos que afirmam piamente não haver a intercessão dos Santos, já foram agraciados pela misericórdia de Deus. E da mesma forma que não se pode entender o Amor de Deus que nos perdoa mesmo sem  merecimento         de nossa parte, não se pode também compreender pela lógica ou pela racionalidade Humana, as diversas manifestações DE DEUS, através de seus escolhidos, por meio das solicitações sinceras daqueles que jazem entre prantos e aflições.

Os Santos  não tomam para nós, o Lugar de Deus, mas tão somente acolhem nossos rogos e os apresentam ao Pai como quem pode nos conduzir a Ele, contritos conosco, irmanados aos nossos corações, tal qual exercitaram durante toda sua vida. E agora, uma vez já participantes da Glória Celeste, os amigos de Deus oram conosco a Ele, como se dissessem e imagino que assim seja:

                _Amado Pai teu(a) Filho(a) está passando por esta dificuldade, e pede a mim, por intermédio do meu nome, das obras que tu me permitiste realizar , que esta dificuldade seja ultrapassada. Tu conheces o coração dele(a)  bem mais do que eu, e sabes que o que ele(a) pede é de coração sincero, venho portanto, em  auxílio deste(a) teu filho aflito, apoiar, corroborar, fortalecer o pedido desta pessoa, afim de que pela  Vossa Misericórdia, ela seja atendida.  

Finalmente, a compreensão da intercessão não cabe na cabeça humana, mas provem do desejo de Deus por meio de sua Infinita Misericórdia, Tal qual afirmou  o Filósofo Blayse Pascoal , “ O coração Possui Razões que a Própria Razão desconhece” , referindo-se a impossibilidade do entendimento de Deus por meio dos meios cognoscíveis , mas somente pela fé- sentido maior do Homem.

A intercessão dos Santos é fruto do bem querer de Deus por nós, é um dos muitos rios que podem nos conduzir ao oceano imensurável de Sua Misericórdia. negar esta verdade é anular uma das vias possíveis de se chegar a salvação, é fechar os olhos para Deus manifestado na figura do outro, e é acima de tudo, uma demonstração cabal do não entendimento  e não vivencia do Evangelho.

 

Wescley  Brito

COMIPA-Paróquia de São Benedito